Carro 1.0 litro perde mercado e status de popular

Os carros populares no Brasil estão perdendo o espaço de destaque no mercado. O principal vilão é o preço alto, que leva os veículos com motores 1.0 litro para valores próximos de segmentos superiores, como automóveis de motorização 1.4 litro. Especialistas da indústria automobilística confirmam a tendência: os carros "mil" perderam a popularidade.Apesar de a palavra "popular" ser comum para definir os veículos com motor 1.0 litro, especialistas afirmam que o termo está errado. "Popular não existe mais; é a linha mil", afirma George Assad Chahade, presidente da Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo (Assovesp).Para José Roberto Ferro, presidente do Lean Institute Brasil e consultor da indústria automobilística, popular hoje no País é o automóvel usado. "Carro popular no Brasil é um fusca 1,3 mil cilindradas", diz. "A entrada de pessoas de baixa renda no mercado automotivo se dá pelo mercado de usados".De acordo com dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a participação dos populares no total de carros vendidos tem caído ano a ano desde 2002, quando uma reforma tributária diminuiu a diferença do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) cobrado para veículos 1.0 e com motorização melhor, aproximando os valores de venda dos automóveis.Em 1994, quando houve grande incentivo ao carro popular, suas vendas representavam 40% do total dos veículos 0 km vendidos no País. Sempre em ascendência, o auge ocorreu em 2001, quando 71,1% dos veículos vendidos foram desse segmento. Após isso, a participação caiu a cada ano até que, no ano passado, o valor fechou em 54%, segundo a Anfavea.Para Ferro, essa tendência é explicada pelo "amadurecimento natural do mercado". Segundo ele, o motor 1.0 é "artificial" e "muito fraco" para os carros vendidos com essa opção hoje no País."É um motor muito fraco para carros como o Gol, Fiesta e Palio. Depois que o consumidor experimenta um carro popular e o carro não rende, acaba optando por motorização melhor na hora de uma nova aquisição", afirma Ferro.Chahade concorda e diz que a melhora da economia contribuiu para que o consumidor optasse por carros melhores."O 1.0 é bom como carro de uso cotidiano, que acaba trazendo economia de combustível. O consumidor, a partir do momento que melhora a economia, quando analisa a diferença entre o popular e o 1.4, começa a entrar nesse mercado (superior)".ValorizaçãoEnquanto carros populares tiveram uma valorização de até 179% entre 1994 e 2008, veículos top de linha das montadoras tiveram menor aumento de preços. Segundo dados da Assovesp, em 1994, um Uno Mille, da Fiat, saía por R$ 8.297 e, hoje, é vendido por R$ 23.180, um aumento de 179%. Por outro lado, nos carros de valores mais altos da montadora, um Tempra, há 14 anos, saía por R$ 36 mil e um Stilo hoje é comercializado por, no mínimo, R$ 51.780 - diferença de 43%.Na Chevrolet, em 1994, um Corsa, automóvel de entrada da montadora na época, era vendido por R$ 9.558, e um Celta, o carro popular fabricado atualmente, hoje, sai por R$ 26.128 (aumento de 173%) - o Corsa subiu de categoria e hoje é comercializado por mais de R$ 30 mil. Já um Vectra, naquela época, custava R$ 30 mil, e, hoje, o mesmo carro é comercializado por, no mínimo, R$ 56.974 (89% de diferença).Apesar disso tudo, Chahade não acredita que os carros "mil" serão totalmente substituídos por veículos melhores. "Não vai ser substituído, mas deve ficar no percentual de 50% (de vendas em relação ao total)".Nesse ponto, José Roberto Ferro discorda e diz que a tendência "é acabar esse tipo de carro". No entanto, o consumidor que vê nos 1.0 a oportunidade de ter um automóvel novo a um custo menor não precisa perder a esperança.Para Ferro, quando chegar ao País um novo tipo de carro, que seja menor e se adapte melhor ao motor mil, a classe baixa será beneficiada. "Um carro mais urbano, que comporte dois ou, no máximo, três passageiros, é o ideal".

Segunda, 18 de fevereiro de 2008 Fonte: Redação Terra
Postado por Boutros Corretora de Seguros às 17:54

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